quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Mobilésimo nº 1 - Cárcere

Okay, renovando o blog hoje, postarei quando a vontade de escrever vier. Vamos ao principal.



Primeiramente gostaria de dizer que não sou nenhum cientista da área ou coisa do gênero, mas senti que precisava escrever sobre minhas opiniões e percebi que estava escrevendo demais, então decidi escrever aqui.

O assunto de hoje de certa forma é a pena de morte. Em minha opinião a pena de morte não deve ser utilizada para o fim de fazer o bandido pensar duas vezes, senão a prisão já resolveria este problema. O caso é que não sabemos mais porque prendemos as pessoas neste país.

Este tipo de pensamento só é verdade se o número de
criminosos for finito. 
Meu amigo postou um vídeo sobre as opiniões do Bolsonaro sobre o assunto (Para quem não sabe aqui vai o link https://www.youtube.com/watch?v=8kjtAz6hhGU). É compreensiva a fala carregada do Bolsonaro, porém, punir apenas para satisfazer nossa vontade interior de vingança não trará benefícios, e estaremos mais fadados a erros de julgamento emocional. A justiça precisa ser de fato cega no sentido de sem preconceitos. Porque a pena de morte? Primeiro pensemos por qual motivo prendemos criminosos, quem disser que é para reintegrá-los a sociedade está sendo ingênuo. ONGs reintegram, programas sociais reintegram, educação reintegra. A prisão apenas serve como forma de afastar da sociedade quem não está apto a viver com ela. Sendo assim a prisão é necessária em muitos casos, mas agindo em conjunto 
com políticas de reintegração.

Ok, então quando houver casos onde a reintegração é impossível, ou quando mesmo dentro do isolamento social estes indivíduos continuam a agir de forma prejudicial à sociedade externa? A pena de morte solucionaria estes casos, mas quem teria o poder de julgar a incorrigibilidade de alguém? Dizer que a pena de morte vai fazer os bandidos pensarem duas vezes é um mito, na realidade poderá colaborar para que eles tentem garantir que não serão punidos antes de cometerem os crimes. Quem consegue escapar por entre as brechas da lei se sentira ainda mais poderoso.

O erro, tanto dos Direitos Humanos quanto de quem é contra, é não entender quais são os objetivos dos mesmos. A generalização complica o diálogo. Não é porque não devemos deliberadamente fazer sofrer um ser humano, que não devemos puni-lo quando este vai contra a sociedade. Mas a punição deve vir carregada de um significado e este significado deveria poder contribuir para a melhora social deste indivíduo.

Peguemos o exemplo citado pelo Bolsonaro, o ser humano amarrado ao poste realizou ações contra a sociedade e isto é errado (Não entro a fundo no caso, pois não li o suficiente sobre o mesmo, apenas utilizo o exemplo). Podemos reforçar as atitudes boas do mesmo, quando estas aparecerem, para que ele mude seu julgamento de valores de forma positiva. Podemos também punir as más atitudes para que a recompensas de agir contra a sociedade percam seu valor. Reforçar as boas atitudes leva tempo e deveria ser uma prática constante ligada a nossa educação e família, o que infelizmente não é o caso. Então resta a justiça aplicar o método punitivo de mudança de comportamento, porém isto não significa que “justiceiros” devessem autonomamente agir em nome da população.
O que de fato é merecido, o que queremos com nossas ações?
Será que de fato dois erros dão um acerto?


Sim, nos dá raiva ver que nossa justiça é ineficaz e por isso certas atitudes parecem justas, mas partimos do princípio que todos os cidadãos deste país concordaram com a mesma constituição que prevê os mesmos direitos e deveres. Infelizmente não é porque este indivíduo esta quebrando as regras que podemos quebrar as regras a vontade para aplicarmos a “justiça”. Esta deveria vir através da nossa força policial, através do sistema carcerário que em teoria iria remover o mau elemento da sociedade.

Uma sociedade completa de "Frank Castles"?
Notem que não sou a favor de sermos coniventes com a opressão da criminalidade, mas provavelmente estas pessoas que amarraram o tal meliante foram caçá-lo, sem ter completa visão das atitudes deste ser. Isto é o que assusta, se o meliante que cometeu crimes contra a sociedade deve ser punido, infelizmente estes cidadãos com “boas intenções” e métodos questionáveis também devem ser julgados da mesma forma. A justiça deve julgar de forma cega, mas somente fará isso de forma eficiente e não aleatória se puder “ver” tudo, ou pelo menos quase tudo sobre o que julga. Eu reitero, não sou a favor da passividade extrema, afinal de contas chegará o momento em que reagir possa ser inevitável, mas na maior parte das vezes reagirmos de forma violenta não constrói benefícios para nenhuma das partes, e quando isto ocorre quem tem capacidade de ser mais violento é quem sai ganhando.

Para mim, ”justiceiros” são tão ineficazes quanto uma polícia despreparada, a diferença é que teoricamente testamos as capacidades de julgamento dos policiais atuantes. Infelizmente a situação de sucateamento que temos nos nossos serviços básicos de saúde, transporte, educação e segurança transforma nossa força policial em um grupo certificado de “justiceiros”. Nossos protetores não se importam em agirem de forma truculenta justamente por sofrerem uma exposição terrível a violência moral e física todos os dias em seus trabalhos sem o acompanhamento psicológico necessário para garantir que os mesmos estejam aptos a trabalhar lidando com pessoas, tanto de bem como com bandidos.


Talvez seja a hora de questionarmos o valor geral que estamos dando a cada pessoa envolvida neste conflito de ideias. Será que consideramos menos humanos apenas os cidadãos marginais ou será que além desta realidade também temos os agentes do controle da ordem sendo tratados como cães, que devem obedecer e não podem se considerar parte da sociedade por quem dariam a vida todos os dias para defender. São pessoas, marginais e policiais, que vivem constantemente em um combate onde redenção é uma palavra desconhecida, e onde a pena de morte já existe há muito tempo longe dos olhos de quem tem medo de ser vítima.
E quem julgará o nosso mal?